A obesidade é multifatorial e é na consulta com o endocrinologista que diagnosticamos o distúrbio a ser tratado que está impedindo o paciente de emagrecer.
Ao contrário do que indica o senso comum, o controle do balanço de energia não é totalmente voluntário. Mecanismos de controle e compensação são ativados a todo momento no organismo.
É no cérebro, mais especificamente, em nosso hipotálamo, que nosso organismo entende a quantidade de gordura que temos armazenada, através de mensagem transmitida dos hormônios produzidos pelo tecido adiposo (adipocinas).
O ganho de peso aumenta a concentração de um hormônio, produzido pelos adipócitos, chamado leptina que funciona como um sinal ao hipotálamo para que haja diminuição da fome e aumento do gasto de energia. (sendo conhecido como o hormônio da saciedade)
Por outro lado, quando o indivíduo perde peso, os níveis de leptina diminuem e o resultado é aumento da fome e diminuição do gasto de energia.
Desta forma, a massa adiposa tende a se manter em equilíbrio.
Outros hormônios participam do processo, como os peptídeos intestinais, estimulados ou inibidos de acordo com a ingestão dos alimentos e a grelina, conhecida como hormônio da fome, produzida pelo estômago.
Mas, se a grande maioria dos pacientes obesos apresenta excesso de leptina, por que eles não perdem peso?
Na obesidade o sistema de controle do balanço de energia é disfuncional, ou seja, as ações dos hormônios leptina e a insulina no hipotálamo não ocorrem de forma adequada, causando resistência à leptina e à insulina.
Estou apresentando este breve resumo sobre a fisiologia da obesidade para explicar que o processo do emagrecimento é muito mais complexo que a maioria das pessoas imagina.
Emagrecer não é falta de força de vontade ou se resolve “simplesmente” passando fome.
Buscar entender a complexidade e individualidade cada paciente fará toda diferença no tratamento da obesidade: avaliando se há um desequilíbrio da fisiologia da fome e saciedade desde a primeira entrevista, analisando a história do ganho de peso ao longo da vida, as tentativas falhas e suas causas, os padrões alimentares, comportamentais e psicológicos que completam o indivíduo e torna cada processo tão único.